terça-feira, 23 de outubro de 2012

a deusa de um metro e oitenta



sou grande
suponho que é por isso que minhas mulheres sempre parecem
pequenas
mas essa deusa de um metro e oitenta
que negocia imóveis
e arte
e que voa do Texas
para me ver
e eu voo ao Texas
para vê-la --
bem, há nela o suficiente para
ser agarrado
e eu me agarro todo
nela.
puxo-lhe a cabeça para trás pelos cabelos,
sou macho de verdade,
chupo-lhe o lábio superior
sua xoxota
sua alma
monto sobre ela e lhe digo,
"vou lançar suco quente e branco
dentro de você. não voei desde
Galveston para jogar
xadrez";

depois nos deitamos enlaçados como vinhas humanas
ela é selvagem
ela me resguardou
meu braço esquerdo debaixo de seu travesseiro
meu braço direito sobre o lado de seu corpo
aferro-me às suas mãos,
e meu peito
barriga
bolas
pau
enroscam-se nela
e através de nós
no escuro
passam raios
pra lá e pra cá
pra lá e pra cá
até que eu desfaleça
e nós durmamos

mas dócil
minha deusa de um metro e oitenta
faz-me rir
a risada do mutilado
que ainda precisa de
amor.
e seus olhos abençoados
fluem para o fundo de sua cabeça
como nascentes na montanha
ao longe
nascentes
frescas e boas.

de tudo o que não está
aqui.

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